segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sociedade Mineradora

O século do ouro
A enorme importância econômica e política adquirida pela mineração brasileira,interna e externamente,pode ser comprovada por alguns indicadores.Um deles foi a forte imigração da metrópole para a colônia,a ponto de as autoridades verem-se obrigadas a aumentar as restrições á saída de pessoas  do reino.Outro indicador foi o crescimento do comércio colônia-metrópole.
A mineração,com efeito ,elevou o poder aquisitivo das camadas mais ricas da população e provocou  o surgimento de cidades,cujos habitantes  tinham necessidades de consumo cada vez mais diversificadas.Uma das consequências disso foi o crescimento nas vendas de mercadorias européias pela metrópole para abastecer a população colonial.E também o aumento do tráfico de africanos,com a entrada no Brasil  de mais de um milhão de novos escravos,na maioria destinados ás áreas mineradoras.
Um terceiro  índice da importância da mineração pode ser verificado na ampliação da burocracia colonial,comm a criação  de novas capitanias,comarcas e órgãos administrativos.Essa ampliação foi,naturalmente,acompanhada pelo aumento do número de funcionários civis, militares e religiosos.Assim, a riqueza da colônia provocou também a ampliação do aparelho do Estado e seu controle sobre a sociedade.
Por outro lado,o deslocamento do eixo econômico da colônia,do Nordeste para o Sudeste,deu nova impôrtancia estratégica a todo o centro-sul do território .Daí a mudança da sede do governo-geral  de Salvador para o Rio De Janeiro em 1763.Com esse deslocamento surgiu um modelo novo de sociedade,mais urbanizado,diversificado e dotado de maior mobilidade social.
Entretanto,por trás dessa força e opulência,a mineração apresentava outra realidade,menos brilhante e mais opressiva.Esta se fazia  sentir  no aumento contínuo dos preços  das mercadorias importadas vendidas ás populações mineiras e geralmente´pagas em ouro;nas pressões e ameaças  dos cobradores de impostos0-oficiais dos vários órgãos da Intendência  e particulares,contratadores e arrematadores-espalhados pelas dezenas de registros e passagens.

*contratador ou arrematador*-Pessoa particular que, mediante  contrato arrendado ou arrematado á Fazenda Real,exercia a função pública de arrecadar impostos.


Urbanização e mobilidade social

A sociedade que se formou nas regiões mineradoras,sobretudo em Minas Gerais               ,apresentava características diferentes da civilização do açúcar no Nordeste.Foi uma sociedade  predominante urbana, mais complexa do que aquela e de maior mobilidade social.Com a civilização do ouro,os grupos sociais se diversificaram,aparecendo agora,enter eles,grandes ricos mineradores,proprietários de terras  e comerciantes,funcionários,artesãos,sacerdotes pequenos mineradores,trabalhadores livres,profissionais liberais e intelectuais (poetas,jornalistas,advogados, etc.),além de uma multidão de escravos.
A maior mobilidade foi consequÊncia da ampliação das oportunidades  de ascensão social proporcionadas pela riqueza e dinamismo da economia minera,inclusive com a alforria mais frequente de escravos promovida por necessidade ou conveniÊncia de seus senhores.Com isso,a sociedade do ouro apresentava-se de fato menos estratificada que do açúcar ,isto é,a divisão e separação entre os grupos sociais nela existentes não eram tão rígidas quanto nesta última.Mas,como está,ela também conserva a identidade essencial da sociedade colonial:a escravidão e a forte hierarquização  social e racial.
*Mobilidade Social*-É o processo pelo qual as pessoas ou grupos mudam de lugar no interior da sociedade.Essa mudança pode ser vertical ou horizontal.No primeiro caso,o indivíduo  passa de uma classe social para outra,situada  acima  ou abaixo da classe original.No segundo caso,o deslocamento pode tomar a forma  de uma mudança de profissão.

Sociedade Mineradora

INTRODUÇÃO
Desde o final do século XVI na capitânia de São Vicente, o Brasil já tinha conhecido uma escassa exploração mineral do chamado ouro de lavagem, que em razão da baixa rentabilidade, foi rapidamente abandonada.
Somente no século XVIII é que a mineração realmente passou a dominar o cenário brasileiro, intensificando a vida urbana da colônia, além de ter promovido uma sociedade menos aristocrática em relação ao período anterior, representado pelo ruralismo açucareiro.




DESDOBRAMENTOS: SOCIEDADE E CULTURA
O ciclo do ouro e do diamante foi responsável por profundas mudanças na vida colonial. Em cem anos a população cresceu de 300 mil para, aproximadamente, 3 milhões de pessoas, incluindo aí, um deslocamento de 800 mil portugueses para o Brasil. Paralelamente foi intensificado o comércio interno de escravos, chegando do Nordeste cerca de 600 mil negros. Tais deslocamentos representam a transferência do eixo social e econômico do litoral para o interior da colônia, o que acarretou na própria mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade de mais fácil acesso à região mineradora. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira.
Embora mantivesse a base escravista, a sociedade mineradora diferenciava-se da açucareira, por seu comportamento urbano, menos aristocrático e intelectualmente mais evoluído. Era comum no século XVIII, ser grande minerador e latifundiário ao mesmo tempo. Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas. A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades.
O segmento abaixo era formado por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros, enquanto que a base social permanecia formada por escravos que em meados do século XVIII, representavam 70% da população mineira.
Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso. Com o crescimento do número de pequenos e médios proprietários a mineração gerou uma menor concentração de renda, ocorrendo inicialmente um processo inflacionário, seguido pelo desenvolvimento de uma sólida agricultura de subsistência, que juntamente com a pecuária, consolidam-se como atividades subsidiárias e periféricas.
A acentuação da vida urbana trouxe também mudanças culturais e intelectuais, destacando-se a chamada escola mineira, que se transformou no principal centro do Arcadismo no Brasil. São expoentes as obras esculturais e arquitetônicas de Antônio Francisco Lisboa, o "Aleijadinho", em Minas Gerais e do Mestre Valentim, no Rio de Janeiro.